Pára de me olhar desse jeito.
Pára de me provocar!
Eu sei que não vai acontecer nada entre a gente, mas essa viabilidade mexe com a minha cabeça.
Imagina quantas vezes, desde que tudo isso começou – e foi há muito tempo! – que o chuveiro teve que me lembrar que não havia mais ninguém no quarto?
(- Risos.)
Pára de me olhar assim.
Pára de provocação!
Será que a gente é maduro o suficiente pra encarar uma história dessas?
- Eu sou!
Tu és?! Eu sou?
Tu estás acostumado com essa gente toda atrás de ti, correndo e babando, prontas pra te satisfazer, prontas pra se satisfazer; mas cada uma delas: da paty do cursinho à empregadinha gorda, são só parte de um mesmo rebanho de abate.
Comigo não funciona assim, que eu sempre fui sozinho!
- Pára de me olhar desse jeito!
(...)
- Pára de me censurar que também tiveste participação nisso tudo! Nunca percebeste o jeito que me olhas? Nunca te tocaste do timbre estudado da tua voz? Do teu abraço?
Eu não tive a intenção...
- Ah! Tiveste sim! Cada gesto teu foi pensado, cada palavra estudada. Cada insinuação tinha um objetivo. Me mostraste um mundo diferente do meu que eu nem sei se quero experimentar, mas essa viabilidade mexe com a minha cabeça.
Ficamos olhando um pro outro, a eletricidade dos nossos corpos nos atraindo na proporção direta das nossas massas, na proporção inversa das nossas dúvidas.
Um passo a frente meu. Outro dele.
Pro inferno esse não saber-querer-poder que só se vai se ter certeza se.
Uma leve campainha e a porta do elevador abriu. Passei a mão pelo cabelo, ele estalou os dedos das mãos. A senhora do lado de fora nos olhou de alto a baixo e com um sorriso Monalisa deixou que a porta se fechasse novamente.
Mas aí...
Modificado em 26 de junho de 2007.
23h56
2 comentários:
Adorei Hudson, é lindo o q vc escreveu.Vc tem uma alma muito sensível.Poxa.... fiquei emocianada!!
Mas um post EU, em que acabo por me identificar....
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