quarta-feira, junho 27, 2007

NESSES TEMPOS DE DIVERSIDADE.

Brasil. São Paulo. Avenida Paulista. 300 mil pessoas – número que pode colocar a manifestação paulistana no livro dos recordes – se reúnem sob a bandeira do Arco-íris. Da senhora de 92 anos que defende o amor como um fenômeno universal, àqueles que permanecem distantes em camarotes e calçadas, aos que torcem o nariz, todos viram passar a colorida e musical Parada do Orgulho Gay, realizada dia 10 de junho último; gente extravagante que vai às ruas pedir contra o preconceito e a homofobia.
Há quem ache tudo uma grande micareta. Alguns defendem a Parada como um veículo de visibilidade e luta. Difícil chegar a um consenso no meio de tanta gente.
Dois, ou três anos atrás participei da Parada Gay de Belém e estou inclinado a concordar com os primeiros. Não vi nessa oportunidade uma força política capaz de alcançar os objetivos teoricamente indicados. A bem da verdade, será preciso bem mais do que paradas para mudar uma mentalidade arraigada por séculos de formação preconceituosa e de falta de respeito.
Essa mentalidade tolerante precisa começar em casa, numa criação menos machista onde os filhos varões mais novos não sejam servidos pelas mães. Passa pela escola onde as diferenças sociais, econômicas e mesmo culturais sejam tratadas com ética. Consiste numa visão livre de dogmatismos e ordenanças baseadas em opiniões pessoais de qualquer setor religioso. Solicita a retirada das diferentes mídias de personagens caricatos, bichinhas afetadas e vilões afeminados. Está no entendimento preciso do que é diversidade e na busca de um equilíbrio que jamais significará a padronização de comportamentos, sequer sua aceitação parcial, ou plena. Está sobretudo no auto-conhecimento e no respeito a si mesmo e ao próximo.
Ser. Gay, negro, mulher, idoso, especial, menor, suburbano, analfabeto, caipira, caboclo, muçulmano. Alcançar a plenitude de um estado individual que é a célula-tronco de um organismo vivo e saudável. Ser. Aceitar-se, perceber limites – os seus e os alheios –, ajudar a construir com uma postura digna uma imagem.
Ser e ser feliz, meta de toda criatura humana.

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