Apaga-te, ó delicada chama! Apaga-te!A vida é sombra passageira. Um mísero ator que chega, agita a cena inteira, diz sua fala e sai. e ninguém mais o nota. MACBETH (William Shakespeare)
terça-feira, novembro 10, 2009
BROCARDOS (12)
Racca! Entre os judeus a expressão Racca! era dita com asco, cuspindo-se de lado. A pessoa a quem era endereçada a injúria poderia se considerar absolutamente desprezada. A ofensa era tão séria que o próprio Cristo criticou duramente quem a usava. Nos dias de hoje, olhando desolado o mundo em volta, particularmente o Brasil, percebo que algumas criaturas merecem um sonoro Racca! com direito a cuspe, pipoqueiro, banda de música e todo o rito. Seguem alguns:
01. Nesses tempos de H1N1 manter as janelas dos ônibus fechadas é, no mínimo, uma insensatez. Independente da gripe A, outras doenças respiratórias podem ser evitadas por mantermos os espaços – sobretudo os coletivos – arejados. Pras bonitas (e bonitos também!) que supervalorizam seus penteados em detrimento do bem-estar geral: Racca!
02. Aos nossos governos municipal e estadual. Votei em Ana Júlia Carepa e, obviamente não votei em Duciomar Costa (esse pecado eu não levo pro Inferno!), mas hoje me vejo vítima e refém da incompetência de ambos. O pior é agüentar o risinho de alguns amigos e aquela cara de eu-já-sabia! Claro que seus motivos anti-PT e afins ainda são preconceituosos e maniqueístas, mas o resultado foi o previsto. Pelo descaso e desrespeito imoral com a saúde, segurança, educação, cultura, limpeza e conservação de praças, monumentos, vias públicas, pelos sumiços e pelas mochilas: Racca!
03. Emendamos, por natural, com o governo federal. Votei no Lula (esse pecado eu levo pro Inferno, ainda que não me arrependa dele dado o contexto de então!). Digo sempre que o PT perde pra ele mesmo e ele perdeu o meu voto (e de muitos outros, se a razão assim o permitir!). O caso é que agora as coisas beiram o caos e sentir vergonha não chega (muito menos medo, D. Regina!). Ao Lula, aos seus seguidores cegos, às bolsas disso e daquilo, a essa politicagem abjeta de auto-favorecimento e troca de favores: Racca!
04. Só pra manter na política, a cada sem-noção que eleger um só desses que aí estão: Racca! Racca! Racca!
05. A todo aquele que compensa seu deficit peniano com decibéis, principalmente se for um vizinho: Racca!
06. A todo o que se prevalece do desamparo alheio e usa qualquer religião para se favorecer: Racca!
07. Ao tecnobrega e todos os seus símbolos e variações distorcidas e esganiçadas: Racca!
08. E se no volume máximo: Racca!
09. Ao trânsito de Belém, sobretudo no complexo vi(ot)ário do Entroncamento: Racca!
10. Aos caras (e algumas mulheres que eu sei!) que mijam em postes, placas, muros, praças, enfim... Racca!
11. A quem, podendo, acha que porque eu estou no teatro não estou trabalhando e não quer pagar o ingresso justo – exceto pra gorda galinha do vizinho: Racca!
12. Se és emo, simpatizante, amigo, correligionário, amante de, namorado (a) de, e não fazes nada pela evolução humana: Racca!
E tu? A quem tu mandarias um sonoro Racca!
HUDSON ANDRADE
28 de agosto de 2009 AD
9h00
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