Melhor filme, atriz, atriz coadjuvante, ator, trilha sonora e Prêmio de Crítica do Festival de Brasília.
Melhor diretor no Festival de Cinema de Paris.
Melhor filme no Festival de Roterdã.
Ok! Pira paz!!!
Ou o conceito de arte e de qualidade dos julgadores dos festivais acima citados é completamente diverso do meu – e de boa parte da platéia que assistiu comigo Baixio das Bestas no último dia 08 de julho -, ou eu não entendo nada de cinema, arte, etc. Vá lá que minha experiência não tem dez anos, apenas seis espetáculos e algumas incursões pela literatura, mas por mais obtuso que eu seja ainda tenho sensibilidade bastante para julgar uma obra de arte quando vejo uma. E chamo Baixio das Bestas de obra de arte porque sendo uma produção cinematográfica, etc, pode ser assim classificada, tanto quanto sabonetes de motel pendurados no teto e pedaços de placas de estrada emendadas. No entanto, a tentativa de Cláudio Assis, o mesmo diretor de Amarelo Manga, de “problematizar relações, sugerir narrativas, humanizar questões, aprofundar o cotidiano e dimensionar a existência (*)” se perde nos oitenta longos e desagradáveis minutos de projeção. Não que o comportamento amoral e imoral dos personagens provoque nojo, ou desagrado, anestesiados que estamos pelos telejornais, mas pela completa falta de profundidade e verdade da história. A menina triste, ingênua e explorada que, amarga, decide se entregar sem mais luta ao óbvio de sua vida miserável está lá – como a personagem de Dira Paz em Amarelo Manga -, os jovens bem de vida e revoltados também, espancando domésticas... Ops! Isso é outro filme. Ou pior, não é filme. É real. O que diferencia é que no filme de Assis as cenas são mostradas. Violência explícita, sexo explícito, nu frontal, insinuações homoeróticas e uma avalanche de palavrões – as poucas palavras que se consegue entender no filme -, tudo tenta preencher o vazio de um roteiro raso como a fossa interminavelmente cavada por Maninho (Irandhir Santos, ele mesmo, o Quaderna de A Pedra do Reino!!!). Estratégia simplista. Não dar soluções para os conflitos ao invés de “tirar a platéia da sua passividade (*)” a coloca numa arena romana: diante da vítima inerme, nada há o que fazer senão juntar-se à turba e virar o polegar pra baixo.
A pá de cal vem de Matheus Nachtergaele, um dos personagens unidimensionais e ocos de Baixio das Bestas, quando proclama, grave: “O bom do cinema é que nele a gente pode tudo!”. Sem risos, ou lágrimas.
Baixio das Bestas é uma experiência cinematográfica questionável e absolutamente dispensável. Aliás, perdão pelo comentário infame, mas o título não podia ser mais preciso, já que eu próprio me tornei parte de um lote que se divide com patadas e relinchos, entre os que fingem que entenderam, os que pensam que gostaram, os que lastimam a perda de tempo e dinheiro e os que saíram antes do final da sessão.
(*) Conforme sinopse publicada no informativo Pará 2000, ano I, nº 03, julho de 2007.
Belém, Pará
01h35
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