Escrevo-te da prisão na qual me encerraste: cadeias teus braços, correntes teus beijos.
Escrevo-te de dentro de uma novela mexicana: olhares afetados. Gestos grandes, frases tolas.
Escrevo-te do meu quarto vazio e imenso sem estares nele, dormindo sem pressa, óculos no rosto.
Escrevo-te do torvelinho que é a dúvida da tua presença: se quero que me revolvas, se quero que passes ao largo.
Escrevo-te pra fugir do telefone.
Escrevo-te porque não lerás essas linhas (?).
Escrevo-te porque é o que sei e gosto e onde posso te pintar com as cores que deseje: azuis abreus, amarelos van gogh, vermelhos almodóvar e brancos e cinzas e negros eus.
Escrevo-te porque assim não partes.
Escrevo-te porque se rasgar esta folha, não ficas...
Escrevo-te épico, cômico, dramático.
Escrevo-te crônica do meu dia-a-dia alterado (pra melhor?!)
Escrevo-te conto, curto, redondo.
Escrevo-te com detalhes de roteiro, com volteios de romance, com a secura dos jornais, na métrica matemática da música, na precisão da tese, ágil como os quadrinhos.
Escrevo-te porque as palavras sobrevivem aos homens.
Escrevo-te enquanto te aguardo.
Ponto. Três!
Para M. O.
Belém, Pará
13 de julho de 2007 – 9h00
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