Apaga-te, ó delicada chama! Apaga-te!A vida é sombra passageira. Um mísero ator que chega, agita a cena inteira, diz sua fala e sai. e ninguém mais o nota. MACBETH (William Shakespeare)
segunda-feira, agosto 23, 2010
EU 26
Eu sou. Eu fui. Eu quero. Eu posso. Eu faço. Eu amo. Eu odeio. Eu luto. Eu pretendo. Eu.
Eu que esperei por quase quarenta anos e por pouco mais de dois meses. Eu que faço planos e teço idéias. Eu que grito e silencio e me debato e choro e corro às gargalhadas cheias de abraços e beijos que muitas vezes morrem no meio do caminho.
Eu que tenho o colo materno, o peito do namorado, a mão aberta dos amigos, os ouvidos complacentes.
Eu que tenho o ódio dos infelizes, a rejeição dos mal-amados, o soco dos violentos, a intolerância.
Eu que mal dou conta dos meus limites e luto pra manter minhas vitórias.
Eu, de quem exigem que eu seja o que não sou.
Eu que dei o que de mim eu posso e fiz bem a alguém e fiz e não me oponho a dizê-lo. E devo dizê-lo porque também é falsa modéstia não olhar aquilo que de nós já é fruto e multiplica.
Eu, eu, eu, meu Deus. Eu que sou Tua cria e Teu sentido. Eu que estou no meio do Teu Santo Nome. Eu que de Ti tanto recebo. Eu que oro e tanto peço e agradeço e peço muito mais do que agradeço porque assim é que é o eu.
Eu que fiquei sozinho tanto tempo e me acostumei a ser sozinho sem querer sê-lo e apavorado disso com um temor de morte e sendo injusto só em dizê-lo que em verdade nunca se está sozinho, mas tantas vezes parece que sim e não há tristeza maior no mundo!
Eu que por ser eu por tanto tempo ainda erro ao tentar equilibrar o vós e o nós.
Eu cujo eu só tem razão no tu.
Eu que ao teu lado projeto e durmo à solta.
Eu que de ti careço e a ti ofereço.
Eu que te amo. Muito!!!
Eu: pronome demonstrativo, segunda pessoa, infinito, aditivo. Teu objeto direto. Teu complemento nominal.
HUDSON ANDRADE
11 de agosto de 2010 AD
9h07
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