quarta-feira, abril 01, 2009

BROCARDOS (09)


Agora por apenas 62 reais um dos maiores problemas do homem será resolvido: o tamanho do pau.
É o que garante a empresa norte americana Mr. Busyballs. Alegando que a genitália masculina fica “pouco atrativa” quando exposta ao mar, ou a piscina, ela desenvolveu uma sunga que garante o volume do membro. É a Rooster Booster (algo como “elevador de galo”. Muito forte!!!). O cliente ajusta o tamanho desejado e aí é só se jogar. Ao sair da água, garante os produtores, nenhum ajuste é necessário.
Agora não perde a cena: a menina, ou menino, vê aquela entidade saindo da água. Nossa!!! Chega junto, tudo acertado, sunga no chão... Que decepção! Ou não!
A proposta é iludir o dono do dito. Ele é que se sente incomodado com medidas. Como diria Kid Abelha, “são sempre os mesmos sonhos de quantidade e tamanho...”*
Não vou me ater ao texto tradicional de que o que importa é a performance. Isso é sabido, mas ninguém abre mão de fartura, o que, convenhamos, é muito bom. Comento essa matéria lida ontem num jornal-de-grande-circulação-de-Belém para dizer que somos criaturas insatisfeitas. O tamanho do pau, do peito, da bunda são sempre de menos. As medidas da cintura sempre demais. Quem tem cabelo liso, enrola; quem os tem crespos, alisa; se compridos, cortam. Os curtos ganham apliques; os olhos, lentes. Os pés, saltos. Para os ânimos, aditivos. Contra a timidez, álcool e anfetaminas. Pra não se comprometer, ficar, principalmente na internet, com apelidos exóticos e medidas desmesuradas. Sempre elas!
Só o que não parece ter limite é nossa vaidade e falta de amor-próprio. Para além das necessidades biológicas de uma progênie saudável, nós nos atemos mais ao exterior que degenera do que ao ser que só pode progredir. Não que beleza não seja importante. Claro que é. Assim como saúde e bem estar. A questão é quando de tempo e energia (e dinheiro) despendemos nisso e de que forma. Além do mais, colocamos nossa tranqüilidade nos gostos alheios e nos elevados (e questionáveis) padrões da sociedade e por não atendermos suas expectativas, sofremos.
Que tal lustrarmos as carecas (a minha já consome uns 100 ml de óleo de peroba!), malhar respeitando nosso biótipo, usar sapatos confortáveis? Gozar, mas também dar prazer ao parceiro (a)?
Se tu achas que só pode ser feliz parecendo isso, ou aquilo, vá em frente. Mas o que tu és de verdade, o espelho não mostra.

HUDSON ANDRADE
01 de abril de 2009 AD
16h25

(*) Garotos, de Leoni e Paula Toller.

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