Segundo esse mesmo meu irmão, Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá devem aguardar o julgamento
Outro caso tipicamente movido pela homofobia e preconceito da nossa liberal sociedade brasileira. Fossem mulheres e não haveria razão pra tanto rebuliço, afinal, todo macho que se preza tem o direito de sair “pá pega umas puta!”
E o que sobra em homofobia falta em visibilidade num caso bem mais próximo de nós: o assassinado de Benedito Rodrigues Neto, simplesmente Neto para nós que vivíamos mais ou menos próximos dele. Professor universitário, ator, diretor de teatro, estudioso das artes cênicas. Nenhum desses predicados é capaz de motivar uma investigação decente. Tudo se resume a mais um caso em que a bichinha abriu a porta pra Morte. Nada que valha um esforço policial, capa de revista, primeira página de jornal. Todos nós abrimos nossas portas a quem conhecemos e confiamos. Nenhum de nós, no entanto, merece ser julgado, condenado e punido pelas orientações que tomamos na vida.
Na minha opinião o casal Nardoni e Jatobá são responsáveis pela morte da Isabela, mas não devem se tornar os bodes expiatórios de uma sociedade desestruturada e deseducada. O grande mote dessa condenação é dar uma satisfação ao povo que clama desesperado por justiça. Tão desesperado que se pudesse, a tomaria nas próprias mãos, como não tão eventualmente assim acontece. Puni-los exemplarmente nos dará chance de respirarmos mais aliviados até a Copa de 2010, quando ninguém mais se lembrará de Isabelas, Pedrinhos, Otas e outros tantos anônimos.
A meu ver, o cardápio do Sr. Ronaldo Nazário e suas variações pouco se me dão. Os travestis vão aproveitar o momento fugaz para dar um close a mais e aumentar seus cachês, mas logo, logo voltarão à pasmaceira. Quando muito haverá uma marchinha sobre isso no próximo carnaval, se é que alguém ainda faz marchinhas de carnaval.
O Neto, Genú, Melo e sabe-se lá mais quantos vão continuar avermelhando as páginas dos jornais e as faces dos cidadãos de bem de nossa provinciana cidade. Núbia Goiano e dezenas de outros cidadãos vão se tornar estatística e seus números vão se confundir aos outros, velhos e futuros.
Nós – não tantos – vamos nos indignar (não tanto).
O Sr. Raifran Neves, de coração tão grande e bom, poderia também assumir essas responsabilidades. Se permitiu que um homem honesto voltasse ao seio da sua família, pode perfeitamente permitir que um casal tão emocionalmente abalado retome sua vida e cuidados com os filhos pequenos, dessa vez numa casa térrea e confortável. Se gritar que odeia esse bando de viados, permitirá que suspiremos aliviados por não sermos os únicos, dando calma ao nosso coração. Cada um de nós saberá recompensá-lo no que for de direito!
Bons tempos o da Inquisição, em que bastava atear fogo a uma tora de madeira pra que as portas do Paraíso se abrissem aos bons e aos justos.
HUDSON ANDRADE
07 de maio de 2008 AD
9h10
Um comentário:
Mano, acabei de postar sobre o caso do Neto em meu blog.
Lamento todas essas distorções sociais absurdas. Também escrevi sobre D. Núbia. Alguns dos meus poucos leitores escreveram, manifestando solidariedade, mas o que eu realmente gostaria nunca aconteceu: saber que a polícia identificou e prendeu os culpados, colocando-os à disposição da justiça.
Não, disso não escutamos falar. Causa-me enorme aflição que seja assim também em relação ao Neto. E praticamente assim, em relação ao João Lucas. Daí a importância de mobilização nossa, como cidadãos. O máximo possível.
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