
Em cartaz no Espaço Cuíra Depois de Revelado Nada Mais Muda, com o bailarino Danilo Bracchi e as atrizes... (?)
Em cartaz no Espaço Cuíra Depois de Revelado Nada Mais Muda, com as atrizes France Moura e Marluce Oliveira e o bailarino ... (!)
Parece confuso? Só à primeira vista. Depois de Revelado Nada Mais Muda é, nas palavras do seu criador e intérprete, Danilo Bracchi, um espetáculo de dança contemporânea. E por que tantos elementos teatrais? Porque a dança contemporânea é isso, assim como as suas referências, enfatiza Bracchi. 10.000 coreógrafos existam e 10.000 danças contemporâneas existiriam, bebendo do balé clássico, dança moderna, jazz, performances, artes circenses e, claro, teatro. Este, segundo Danilo,ainda muito resistente à intromissão das sapatilhas. (E acreditem, eu sei bem o que é isso!)
E que mal há nessa interdisciplinaridade? Nenhum. Não à primeira vista! Troca-se o físico ideal pela disponibilidade corporal; o gesto tecnicamente preciso pela (re) significação do movimento que substitui a palavra e a palavra complemente mãos, braços, peito; a música já não rege 1, 2, 3, 4, vai!, mas entra no espetáculo como água, ora útil, por vezes caudalosa e puxa o corpo que reage e puxa a música que pulsa e tudo move tudo.
O perigo dessa Esfinge é ela devorar mesmo aquele que a decifra. Se a costura não é bem feita tudo fica frouxo e não há propriedade em nada.
Depois de Revelado Nada Mais Muda é o primeiro trabalho da Companhia de Investigação Cênica, resultado da Bolsa de Pesquisa do Instituto de Artes do Pará (IAP) e tem como mote a fotografia. Apresenta um grupo em franco processo de amadurecimento, um cuidado com a preparação de seus intérpretes, com a estrutura cênica do espetáculo. A música de Leonardo Venturieri é autoral e fragmentada como a própria encenação de Bracchi e a mim incomoda que ela pareça querer/poder ser mais sem nunca explodir, contentando-se em ser o que é. A iluminação de Tarik Alves é pontual. Quase um flash. Limpa e precisa. Por vezes cria penumbras que, propositais, ou não, escondem detalhes talvez importantes. Noutros momentos, mergulha a platéia nos rubro-negros das salas de revelação. A luz é, afinal, um quarto personagem dessa trama, representando objetos e personagens, sendo, afinal, luz.
Em cena, Danilo Bracchi, France Moura e Marluce Oliveira não se preocupam em contar uma história, mas sim falar desse processo de aprisionar o tempo em retângulos de papel brilhante, mesclando dança e teatro. É aí que necessitamos mais precisão para que os textos, curtos, algo técnicos, sejam tão cheios de cor e vitalidade quanto os gestos.
Do afinco e talento de seus membros a Companhia de Investigação Cênica vai se firmar e juntar a outros grupos com o Valdete Brito e a Companhia Moderno de Dança, criando novos espaços artísticos, reinventando a dança, reformulando o teatro, sendo antes de tudo, a expressão completa do artista paraense.
Arte é isso: pluralidade.
Arte é isso: única!
SERVIÇO: Depois de Revelado Nada Mais Muda. Espaço Cuíra. Dias 01, 02 e 03 de maio de 2009, sempre às 20h00. Ingressos na bilheteria. R$ 20,00. Apoio: Espaço Cuíra (a Companhia de Investigação Cênica é residente neste espaço) e Corpo Pilates. Contatos: Felipe Cortez. 8212 9182.
HUDSON ANDRADE
27 de abril de 2009 AD
10h20